segunda-feira, 12 de maio de 2014

Ficção Curta (3)

"The Colour Out of Space", H. P. Lovecraft
Publicado na revista Amazing Stories em 1927

"The Colour Out of Space" tornou-se num dos contos mais populares de Lovecraft, sendo mesmo o preferidodo autor. Foi adaptado ao cinema três vezes: Die, Monster, Die (1965), The Curse (1986) e Die Farbe (2010).

No conto, um narrador não identificado tenta perceber o que acoteceu numa área conhecida e descrita pela população local como um "brejo maldito" nas colinas selvagens de Arkham, no Massachussets. Descobre que um meteorito atingiu aquela zona sugando toda a força dos arredores: os vegetais e a fruta não têm sabor, os animais enlouquecem e ficam deformados e as pessoas ficam gradualmente dementes e acabam por morrer. O conto segue todo o declínio da área e da família que habitava essa zona através de um vizinho que acompanhou a tragédia. É o escalar gradual da situação que prende o leitor, pois Lovecraft mosta a degradação do local e da família até ao momento em que não resta nada, criando uma sensação de desolação total.

"Forbidden Brides of the Faceless Slaves in the Nameless House of the Night of Dread Desire", Neil Gaiman
Publicado na antologia Gothic! em 2006

Este conto foi também publicado na antologia Fragile Things (2006) e venceu o Locus Award na categoria de Melhor Conto em 2005.

"Forbidden Brides" é sobre um jovem escritor que tenta escrever sobre um tema mais interessante do que a a sua vida entediante, numa espécie de homenagem à tradição gótica uma vez que toda a atmosfera descrita remete para o gótico. O conto alterna entre o jovem escritor que tenta criar algo interessante e a história que vai inventando, onde uma jovem, Amelia, tenta escapar ou encontrar algo. O escritor tenta escrever sobre a vida tal como ela é, creio que há uma crítica implícita de Neil Gaiman ao facto de a fantasia ser considerada uma arte menor na literatura e também escapista, mas que o escritor admite: "It is escapism, true...But is not the highest impulse in mankind the urge toward freedom, the drive to escape?". A transição entre a história do aspirante a escritor e a história que quer criar é que é um pouco confusa, mas numa segunda leitura percebe-se melhor essa transição.

"Coração de Corda", Carina Portugal
Publicado em Smashwords
 
Carina Portugal, nascida em 1989, tem publicado vários contos em fanzines, antologias e em publicações online em Portugal. Apesar de ser formada em Biologia, tem uma grande paixão pelo fantástico, pelo que os seus contos estão dentro desta temática. "Coração de Corda" insere-se um pouco na área do steampunk embora também tenha mistério, aventura e drama e parece reunir concenso nas críticas que são positivas.

No conto encontramo-nos em Londres, uma cidade alimentada por uma central a carvão, onde conhecemos Philip Reeve, que ao assistir a uma peça de Ballet fica fascinado pela protagonista e quando decide felicitá-la pela representação, descobre que ela pode estar em perigo. Mais tarde, Philip conhece-a quando ela visita a sua loja de brinquedos e invenções e ainda fica mais intrigado com a jovem Angeliqye que é extremamente bela. Entre mistério, perigo, aventura, perseguição e e corações de corda, confesso que gostei bastante do conto, pois a história cativa o leitor, a narrativa é simples e directa e imprime algum mistério. No entanto, o conto podia ser um pouco mais trágico, mas fiquei agradavelmente surpreendida com a parte final.

"Deus Ex Arca", Desirina Boskovich
Publicado na Lightspeed Magazine (online), 2013

Não encontrei quase nada sobre a autora na Internet, excepto que escreve contos de ficção científica e já tem alguns publicados em revistas e publicações online.

Gosto particularmente do conto pela forma como a história vai crescendo e o drama aumentando de forma quase absurda. O conto apocalíptico de ficção científica é sobre uma caixa terrível mas também maravilhora. Quando Jackson Smith toca pela primeira vez na caixa, não pode imaginar o que poderia acontecer. O menino de sete anos começa a ver as pessoas e as coisas à sua volta a desaparecerem ou a explodirem e mesmo quando a caixa é levada para ser analisada, esta volta sempre para ele. O conto lembra-nos que a humanidade continua a não estar pronta para ter todo o conhecimento, que mesmo com as coisas mais extraordinárias e maravilhosas, continuamos sempre a optar pelas piores soluções e caminhos.

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